ACESSIBILIDADE SEM ACESSO
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O tema que pretendo abordar nesse meu humilde blog é a questão da Lei Federal que trata da Acessibilidade 10.098, de 19 de dezembro de 2000, onde estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção das Pessoas Portadoras de Deficiência ou com mobilidade reduzida, e as outras providencias.
A lei é linda, maravilhosa, os artigos são recheados de direitos sociais em defesa das Pessoas com Deficiência, porém, na prática, nada daquilo que está descrito é cumprido. Vejo pessoas mal educadas, egoísta e ignorantes. Nos transportes públicos, muitas pessoas ditas normais, sentam nos bancos reservados para deficientes sem nenhum remorso. Outras estacionam seus carros luxuosos naquelas vagas marcadas com o símbolo internacional de acesso possuir alguma deficiência física, outras pagam suas contas naqueles caixas de Bancos ou de supermercados reservados para deficientes. Enfim, ninguém respeita nada aqui nesse país (Brasil). Tô cansado!!!
Abraços!
Prof. Edecarlos
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Por Vitor Hugo Brandalise, estadao.com.br, Atualizado: 14/8/2011 0:21
A advogada que mudou as regras do Metrô de SP
Ayrton Vignola/AE
"Conquista. Thays com seu novo cão, Diesel: batalha jurídica durou 6 anos e terminou com acesso irrestrito "
A primeira tentativa de melhorar o acesso para cegos nas estações do Metrô de São Paulo foi marcada por uma ironia - e por um fato que hoje parece bizarro. Em uma tarde de maio de 2000, os primeiros pisos táteis da rede começaram a ser instalados na Estação Marechal Deodoro (Linha 3-Vermelha), no centro. Na mesma tarde, na mesma estação, a advogada Thays Martinez, então com 27 anos, cega desde os 4, ficou conhecida no País inteiro: ela foi barrada, impedida de ultrapassar a catraca com seu novo e primeiro cão-guia, Boris. O Metrô proibia animais na rede, Boris teria de ficar na rua. Mesmo que estivesse ali a trabalho.
Foi o início de uma batalha jurídica que durou seis anos. E teve lances de desrespeito inimagináveis - como o do dia em que um funcionário desligou a escada rolante por onde desciam Boris e Thays, provocando um tranco que quase os derrubou. No final, a advogada ganhou na Justiça o direito de acesso irrestrito ao Metrô. E acabou mudando também as regras da companhia, que passou a aceitar cães-guia na rede.
Labrador treinado na ONG americana Leaders Dog for the Blind, Boris se aposentou em 2008, após memorizar, em 8 anos, mais de 200 caminhos na cidade. Em 2009, morreu. Thays, paulistana da Vila Leopoldina, zona oeste da capital, que teve sua cegueira causada por uma caxumba, agora já tem seu segundo cão-guia. Um labrador preto chamado Diesel. Ainda sente falta de Boris, mas entende as diferenças: o primeiro, decidido e 'brilhante'; o segundo, manhoso e 'uma graça'. Cada um com seu jeito de animá-la.
'O Diesel é solidário, fica triste junto. Aí, me forço a ficar alegre. Já o Boris pulava e mordia de leve, como que pedindo para não ficar assim (para baixo)', conta Thays. 'Não conseguia resistir.'
Livro. Para contar sua história e a do cão que mudou a forma como as instituições públicas veem a relação entre pessoas cegas e seus guias, a advogada lança nesta semana o livro Minha Vida com Boris (Editora Globo, 142 páginas). 'Comecei a escrever no jardim do prédio, em 2005. É uma reflexão que estava dentro de mim e sabia que teria de contar', disse Thays, que narra tudo a partir da infância - de quando sonhava em ter em casa um 'cachorro grande'. 'Só não sabia que representaria também minha independência.'
Quando ainda vivia na Vila Leopoldina, Thays e Boris caminhavam diariamente em volta de uma praça. Ele passou a conhecer o caminho, a desviar de árvores e buracos. Aos poucos, começaram a trotar. De repente, a correr. 'Para quem sempre precisou de ajuda, correr é algo indescritível. É o tipo de liberdade a que todo deficiente tem direito.'
Em seu livro, Thays conta em detalhes o que sentia em relação ao cão - sentimentos, como uma inesperada vaidade, chegaram a surpreendê-la. Quando foi buscar o cão em Michigan (EUA), lembra de ter tomado um banho 'de lavar a alma'. Depois, demorou a decidir a melhor roupa. 'Confesso que, por uma fração de segundo, pensei que poderia estar sendo um pouco ridícula, mas nunca se sabe os critérios caninos...', escreveu, com bom humor. 'No fim, deu certo. O Boris nunca reclamou', brincou, durante entrevista na quinta-feira.
Praia. Além da descrição detalhada do processo com o Metrô - como as ironias que enfrentou de advogados da companhia, que diziam não impedi-la de entrar, 'só o cachorro' -, Thays fala também das pequenas alegrias do convívio com o animal. Como a primeira vez em que caminhou na praia sozinha, em Peruíbe, no litoral sul. 'Parecia sonho impossível, porque a praia, lugar amplo e sem referências, desorienta a pessoa cega. Mas, com o Boris, marcamos os quiosques como referenciais e conseguimos', contou. 'Tomamos até banho de mar.'
Thays voltou também a caminhar pela cidade. Boris conhecia como poucos os trajetos do centro velho, onde a advogada trabalhava. Hoje, com Diesel, dá expediente no Tribunal Regional do Trabalho. 'Nunca me deixou bater nos obstáculos aéreos, como orelhões', contou Thays, que fundou a ONG Iris, de auxílio a deficientes (já ajudou 24 pessoas a terem cães-guia). 'Depois de tanta exposição, são poucos lugares que resistem a receber cães-guia. Alguns restaurantes e taxistas. Mas, explicando bem, quase sempre aceitam.'
Depois de Boris, Thays decidiu que pretende ter cães-guia 'enquanto puder'. 'Como a separação é difícil, pensei em voltar a ficar sozinha. Mas a liberdade e a alegria compartilhadas compensam', disse. 'Até a frase de que 'cão-guia vira sua extensão' deixa de ser clichê. Quando o Boris se aposentou, me separei dele pela primeira vez. Um dia, acordei e joguei a mão para o lado, procurando. Parecia que nem meu braço estava ali.'
No processo de produção do livro, Thays fez uma única exigência - que fosse lançado em audiolivro junto com a edição impressa. 'Para evitar que as pessoas cegas esperem meses por um livro disponível para todos os outros.' A obra será lançada nesta terça-feira na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (Avenida Paulista, 2073), entre 18h30 e 20h30.
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Lei de cotas para pessoas com deficiência completa 20 anos
Apesar do saldo positivo, maioria dos profissionais empregados possui deficiência considerada leve
Maria Carolina Nomura, iG São Paulo | 22/07/2011 05:58
Vinte anos após a promulgação da Lei 8.213 de 1991, conhecida como Lei de Cotas - que prevê que empresas com mais de 100 empregados destinem de 2% a 5% de suas vagas para pessoas com deficiência -, o balanço sobre a inserção deste público no mercado de trabalho é positivo. Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em 2010 foram contratados 17,4 mil profissionais com algum tipo de deficiência no Estado de São Paulo, número que representa um aumento de 6,2% em relação a 2009.
João Ribas: O que não pode acontecer é a pessoa com deficiência acomodar-se por conta da lei de cotas
O médico do trabalho e auditor fiscal José Carlos do Carmo, coordenador do programa de inclusão da pessoa com deficiência da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE/SP), diz que apesar do saldo positivo, a maioria dos empregados registrados possui deficiências consideradas leves. “As empresas têm dado prioridade aos profissionais que não requerem que façam adaptações em sua estrutura. Por exemplo, não querem comprar um software específico para permitir a cegos atuar. Querem alguém que utilize o material que elas têm, sem necessidade de adaptações.”
Dados da SRTE/SP mostram que do total de trabalhadores com deficiência empregados no Estado, 54,47% têm deficiência física (54,47%), seguidos de auditiva (22,49%), visual (5,79%), intelectual (5,10%) e deficiências múltiplas (1,26%). Empregados reabilitados registram 10,9%.
Acesso
Julia Maggion, diretora da Plura Consultoria e Inclusão Social, afirma que a questão da acessibilidade é crucial para as pessoas com deficiência. “Poucos prédios de escritórios estão adaptados para a circulação da pessoa com deficiência, com rampas (para cadeirantes), banheiros acessíveis, corredores largos, mobiliário adequado, sinais sonoros (para cegos) ou luminosos (para surdos) e outras adaptações tecnológicas, o que permitiria, por exemplo, maior inclusão da pessoa com deficiência visual”, explica.
Segundo dados do MTE, em 2010 foram contratados 17,4 mil profissionais com algum tipo de deficiência no Estado de São Paulo
Falta de qualificação emperra cumprimento da lei de cotas
Para que o profissional esteja totalmente inserido no trabalho e possa realizar suas funções, é imprescindível que a empresa faça uma avaliação de suas potencialidades e limitações em função da deficiência em relação às atividades do cargo. “Dessa maneira, a contratação será assertiva e a pessoa com deficiência poderá se desenvolver como qualquer outro profissional”, afirma Julia.
Autodesenvolvimento
“O que não pode acontecer é a pessoa com deficiência acomodar-se por conta da lei de cotas e não buscar seu aprimoramento profissional”, afirma João Ribas, gestor de diversidade e inclusão da Serasa Experian. “Entendo que inclusão é um caminho de duas mãos e há que se perguntar: o que depende de nós? É importante a pessoa querer ser de fato um profissional. Por isso, tem que ir em busca de língua inglesa, aprimoramento universitário, buscar pós-graduação”, recomenda.
Ribas, que é cadeirante, diz que as empresas que efetivamente fazem a inclusão social desses profissionais esperam que eles, assim como os demais, tenha uma boa performance, alcancem as metas estabelecidas e que entreguem o trabalho pedido. Segundo o MTE, dos 306 mil empregos ocupados por pessoas com deficiência, apenas 37 mil têm ensino superior completo.
Kelli Tavares, sócia do site Deficienteonline.com.br - que disponibiliza vagas para pessoas com deficiência em todo o Brasil -, diz que 34% dos mais de 19 mil candidatos cadastrados são graduandos ou já graduados. “Atualmente, temos mais de 2.600 vagas abertas, mas outra dificuldade que eles enfrentam é a falta de experiência.”